sábado, 12 de fevereiro de 2011

A torre cinza

Costumava existir uma torre acinzentada sozinha no mar, perdida por entre grandes rochas pontiagudas e muita água salgada, aparentemente sem nenhum propósito de vida ou existência. Mesmo assim ela estava lá, inabalável e segura, mesmo que os ventos fortes tentassem com ímpeto derruba-la e as ondas altas tentassem sem pudor demoli-la; não adiantava, a torre cinza, forte e calcificada, não se movia nem apenas um centímetro para direita ou esquerda, permanecendo sempre em sua posição original.

Ninguém sabia explicar como ela havia aparecido ali, quem a tinha construído ou como uma torre tão pequena conseguia resistir por tanto tempo exatamente no meio do oceano, mas também, não eram muitos que de fato conheciam a torre cinza, e os poucos que conseguiam ver a torre, só a conheciam a distância, pois chegar até ela era um feito impossível a qualquer ser humano.

Não havia uma forma de ultrapassar as pedras altas que circulavam a construção para chegar pelo mar, tampouco vencer o vento para chegar voando, então lá jazia a torre cinza, sempre única e misteriosa, talvez, as inalcançável. Um sonho para muitos, uma frustração para o resto, um fardo para ela mesma.

Do que valia para a torre ser forte e imponente se ninguém chegava perto? Do que valia, para ela, sobreviver a todos os obstáculos da vida sem dificuldade, já que não havia ninguém para lhe sorrir quando ela finalmente chegasse?

Do que valia existir sem ninguém?


Desproteja-se com suas rochas, desarme seus ventos e pinte suas cores. Livre-se do seu fardo enquanto você pode.
Shakespeare.

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